Há cerca de três semanas, enquanto eu caminhava pela esteira da academia, assisti no noticiário que Michael Jackson tinha sofrido uma parada cardíaca. Não dei muita importância para a notícia. Afinal, a carreira do cantor ia mesmo de mal a pior. Há anos ele não gravava um álbum inédito. Em meio a dívidas e às acusações de pedofilia, bem como a questionamentos sobre as inúmeras cirurgias plásticas e ao clareamento de sua pele, a imagem do “rei do pop” ficou extremamente arranhada.
No dia seguinte a morte do cantor foi divulgada. Vieram, em seguida, os inúmeros documentários sobre sua vida e sua carreira. Algumas verdades, enfim, foram sendo reveladas. O jovem que o acusara de pedofilia confessou que havia sido forçado pelo pai a mentir para arrancar dinheiro de Michael Jackson. As inúmeras cirurgias a que o cantor se submeteu foram decorrentes de problemas com o pai na infância, que dizia que seu nariz era gordo e que ele era muito feio. O clareamento de sua pele, por sua vez, foi a única saída para o vitiligo que o vitimou. À medida que essas notícias iam sendo divulgadas, vídeos do cantor cantando “abc”, quando ainda integrava o Jackson Five, do clip de Thriller e de seu famoso moonwalk (uma coreografia impressionante onde ele caminha para trás, mas parece estar caminhando para frente) iam sendo mostrados. A carreira do cantor, que há tempos estava adormecida, ressurgia. Morreu o cantor, nasceu o mito.
É impressionante a facilidade com que a televisão e os meios de comunicação destroem as pessoas e criam os mitos. E mais impressionante ainda é ver como os expectadores são facilmente manipulados. Os mesmos hipócritas que o criticavam e que arruinaram sua carreira foram agora responsáveis pelo seu ressurgimento pós-morte. E os indiferentes, como eu, agora sentem saudades de Michael Jackson.
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